Ipanema e Leblon, trecho do Jardim de Alah, vistos da Lagoa Rodrigo de Freitas - Foto Paulo A. Teixeira 


Edi��o de 20-nov-2004


ACORDO ORTOGR�FICO DA L�NGUA PORTUGUESA

SOLU��O OU FONTE DE PROBLEMAS?

 

Em 12 de outubro de 1990 foi assinado por Angola, Brasil, Cabo Verde, Guin�-Bissau, Mo�ambique, Portugal e S�o Tom� e Pr�ncipe, o Acordo Ortogr�fico da L�ngua Portuguesa. Trata-se de um trabalho desenvolvido pela Academia Brasileira de Letras e pela Academia de Ci�ncias de Lisboa, Portugal, desde a d�cada de 1980.

A id�ia inicial era coloc�-lo em vigor a partir de 1994, mas apenas Brasil, Cabo Verde e Portugal ratificaram o documento. Desses tr�s pa�ses, o Brasil j� cumpriu todos os requisitos constitucionais e est� pronto para colocar em pr�tica. Os governos de Portugal e Cabo Verde, que tamb�m ratificaram o documento, ainda n�o cumpriram exig�ncias legais internas. Quanto aos demais pa�ses, que ainda n�o ratificaram o Acordo, ter�o que aceitar o que ficou decidido na 5� Confer�ncia de Chefes de Estado e de Governo da CPLP, realizada em S�o Tom� e Pr�ncipe, em 25 de julho deste ano. Em lugar da ratifica��o por todos os pa�ses da comunidade, basta a ratifica��o de tr�s membros para que este vigore. 

Assim, ap�s 14 anos, o Acordo vai passar a valer e precisamos conhecer as novas regras da nossa l�ngua escrita. 

Explica o Minist�rio da Educa��o:

"O acordo possibilita, entre outras facilidades, a cria��o de normas ortogr�ficas comuns para as variantes da l�ngua portuguesa, facilita a difus�o bibliogr�fica e de novas tecnologias, reduz o custo econ�mico e financeiro da produ��o de livros e documentos. Permite, ainda, aprofundar a coopera��o entre as na��es que falam o portugu�s - terceira l�ngua ocidental mais falada no mundo, depois do ingl�s e do espanhol - aumentando o fluxo de livros e publica��es em todas as �reas, al�m de favorecer a produ��o de materiais para a educa��o a dist�ncia. No caso do Brasil, a transi��o ortogr�fica ser� feita de forma gradual substituindo-se, por exemplo, os materiais did�ticos e dicion�rios � medida que for necess�ria sua reposi��o nas escolas da educa��o b�sica.

O escritor Jo�o Ubaldo Ribeiro tem outra opini�o:

"Acabo de vir da sess�o da ABL em que ele foi apresentado pelo ilustre fil�logo e acad�mico Evanildo Bechara, que sabe melhor do que ningu�m do que est� falando. A situa��o das normas ortogr�ficas (e, sob alguns aspectos, gramaticais) da l�ngua portuguesa � muito mais ca�tica do que se imagina. Segundo a opini�o de alguns especialistas, por ter sido assinado pelo presidente (ou Presidente) e ratificado pelo Congresso Nacional o chamado Acordo Ortogr�fico de 1990 j� estaria em vigor, com a conseq��ncia de que todos estamos possivelmente escrevendo "errado", ou pior, "ilegalmente", como verificar� quem leia o documento. Ou seja, a situa��o da l�ngua parece ser de quase completa confus�o." 

Conforme explicou o Acad�mico Evanildo Bechara, em documento distribuido aos Acad�micos, o "Acordo Ortogr�fico" difere, em muitos pontos, do Formul�rio Ortogr�fico vigente no Brasil, elaborado pela ABL, que � fundamentalmente o texto de 12 de agosto de 1943, complementado pela Lei no 5765 de 18 de dezembro de 1971. Nosso alfabeto passa a ter 26 letras, com a inclus�o de K, W, Y. A acentua��o das palavras sofre altera��es. Por exemplo, n�o levam acento agudo os ditongos abertos ei e oi de palavras parox�tonas, como assembleia, ideia, heroica, jiboia; n�o leva acento circunflexo o primeiro o do hiato o: voo, voos, enjoo, enjoos.  Sobre o uso da trema, esta foi eliminada  em todos os casos que o Formul�rio de 1943 determinava. Assim, ser�o escritos sem trema: linguistica, aguentar, frequ�ncia e arguir. H�, tamb�m, grande diferen�a no uso de mai�sculas e min�sculas. Al�m de t�tulos de livros e nomes de logradouros p�blicos, tamb�m ser�o afetados os t�tulos que designam cargos, como presidente da Rep�blica, secret�rio de Estado, que podem ser escritos usando letra min�scula.

Parece que o Acordo est� desagradando muita gente e resta acompanhar, para ver o que vai acontecer.


O filme "L�ngua - Vidas em portugu�s", um document�rio de Victor Lopes, teve algumas cenas filmadas no Rio de Janeiro no ano de 2001. Uma delas mostra a nossa turma do boteco "Flor do Leblon".  Na imagem vemos, � direita, Jo�o Ubaldo e Cl�vis. � esquerda estou eu, pronto para experimentar o chope. Para ver mais fotos, com imagens feitas durante a filmagem, e saber mais sobre o filme, clique aqui...



Volta ao in�cio desta p�gina P�gina inicial do ALMA CARIOCA Retorna � p�gina anterior

21-fev-2008